sábado, 8 de agosto de 2009

Momento Político


Estamos em meio a uma crise sem precedentes. O nosso presidente vive mais de bravatas do que de realizações e age na contra mão dos postulados assumidos anteriormente. O governo central não tem um plano eficiente para enfrentar as sérias questões econômicas internacionais que nos atingem, além das deduções de impostos para certas clientelas e por prazo determinado. Seja quem for o sucessor de Lula, ele quase certamente receberá uma “herança maldita”, com compromissos permanentes de aumentos setoriais de salários e a necessidade de cortar custos de um Estado que cresceu muito e desordenadamente, sem reformas estruturais, sem a contrapartida de serviços minimamente eficientes, verificando-se, apenas, o aumento dos programas assistencialistas. O Congresso não vota nada de importante, nada fiscaliza e está minado por suas mazelas, especialmente o Senado (nada muito diferente da Câmara Federal, das Assembléias Legislativas, das Câmaras Municipais, guardadas as devidas proporções), e o Judiciário é a grande caixa preta da República, em todos os aspectos...

Os escândalos políticos refletem, em verdade, uma transição mal realizada do Ancião Regime para a Grande Sociedade Aberta. O que se vê de patrimonialismo, paternalismo, familismo, corporativismo, clientelismo, nepotismo, é vexatório, não é republicano e coroe a alma da nação. As sucessivas crises que desmoralizam a classe política têm sólidos fundamentos históricos e causas recentes, consubstanciadas no aparelhamento e na hipertrofia do Estado, na centralização administrativa, nas deficientes estruturas partidárias e na inadequação da legislação e do sistema eleitoral. Assim, os “Anões do Orçamento”, os precatórios sem liquidação, as “Jorginas” do INSS, os superfaturamentos em obras (inclusive de Tribunais), o “propinoduto”, os “Sanguessugas”, o “Mensalão (e os “Mensalinhos”), o “castelão” e o “Senadão” são sintomas de um fenômeno mais profundo, agravados na Era Lula.

Há, sem dúvida, uma crise institucional. E há uma crise ética e moral que se alastra na sociedade de um modo geral. Sim, nessa nossa sociedade que perde, a cada dia, bons parâmetros de conduta, que se desencanta com a política; uma sociedade que se brutaliza e que permite, meio que atônita, meio que insensível, meio que cúmplice, os maiores desvarios. E assim, vemos em perigo a Democracia que tanto defendemos, por tanto tempo, lutando por liberdade, por um Estado de Direito. E isso, favorece àqueles que desprezam, exatamente, a importância do amadurecimento democrático.

Pois bem, ano que vem é ano eleitoral. A sociedade precisa reagir. Votaremos em candidato a presidente, a governador, a senador, a deputado federal e estadual. E eu lhes digo: Mais do que qualquer reforma almejada precisamos, agora, da reforma dos políticos. E para isso, da reforma do eleitorado. Sim, porque melhores políticos, comprometidos com as mudanças necessárias, com as legítimas prioridades do país e da população, dependem, antes, de melhores eleitores: espontâneos, vigilantes, conscientes, independentes. Se conseguirmos isso, em maioria – e cada um pode perfeitamente fazer a sua parte: não vender seu voto e tentar o melhor - teremos, sem dúvida, uma nova e positiva atitude transformadora da sociedade, de eleitores e de eleitos, do próprio Estado; uma postura verdadeiramente republicana que refletirá um melhor exercício da cidadania pela construção do nosso bem, do Bem Comum.

Sim, nós podemos.



CALAU LOPES
-Advogado e Produtor Cultural-

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