terça-feira, 29 de dezembro de 2009

A doença holandesa e a brasileira

Não precisa ser oposição, governo ou economista para ver que algo está muito errado com relação ao futuro das finanças e a economia brasileira. Se nada for feito já em 2010, de 2011 em diante terá o governo – os Três Poderes – uma bomba relógio para desarmar. Pior talvez do que a do Irã e Venezuela, juntos.
Mas antes, é preciso resumir o que significa “doença holandesa”. Sem ir muito a fundo nos detalhes históricos, a coisa toda começou com a descoberta de petróleo e gás natural no Mar do Norte. Também conhecida como “maldição dos recursos naturais”, 1977; qualquer semelhança com a nossa camada do Pré-sal, poderá não ser mera coincidência.
Iran e Venezuela sofrem do mesmo mal. Iran possui tanto petróleo, mas precisa importar gasolina, pois faltam refinarias e investidores corajosos para arriscar dinheiro no regime dos aiatolás.
Já na Venezuela faltou muito uma oposição organizada no passado. Como resultado, hoje, depende dos EUA para compensar sua debilitada balança comercial no atual estágio de um doente terminal.
Resumindo mais ainda, compare com os três componentes vitais para qualquer economia de que a maldição já está nos contaminando. São esses os produtos manufaturados, insumos básicos e semimanufaturados.
Desde 1964 houve uma inversão notável nesses componentes, onde até então, vendíamos matéria-prima mais do que industrializávamos. Os agregados econômicos – lucratividade, ganhos escalares, etc. – são bem mais atrativos ao investidor estrangeiro – ou não – do que popularidade.
Como exemplo, o minério de ferro por aço e o nióbio, subproduto onde um quilo de nióbio vale o mesmo do que uma – ou mais – tonelada de ferro natural. No caso do nióbio, o Brasil é líder na industrialização, Araxá, MG, possui mina com reservas para mais de 500 anos de exploração.
Em meados de 1979, os manufaturados passaram a ser o nosso “milagre” econômico. Coincidência ou não, foi desde essa época que as conquistas trabalhistas foram acentuadas e o Governo Militar começava a perder força. Esse é o lado bom da conquista. Mas...
A crise mundial nos ataca, 2008, e os que surfavam ondas havaianas enfrentam tempestades tipo Mar do Norte holandês, com a prospecção de fontes do pré-sal a baixa profundidade nunca antes explorada e – ainda – a tecnologia para extração do óleo, inexiste. Sem contar com as inovações de fontes de energia alternativa e as reservas competitivas dos demais países.
A variação brasileira da doença holandesa ficará de herança ao próximo governo. Muitas conquistas foram conseguidas pelo atual governo. Consumimos como ricos americanos sendo pobres brasileiros subsidiados pelo assistencialismo. Pior, o MERCOSUL com a entrada da Venezuela de Chávez dividirá mais problemas do que partilhará soluções. O Estado inchado com 21% da População Economicamente Ativa sorri com as conquistas sociais do governo atual, mas esse não sabe – ou falta competência - retornar aos índices de industrialização dos últimos 30 anos.
Curto sem ser rude será preciso rever toda a economia, pois a burocracia excessiva é o foco virótico ideal para a doença tornar-se fatal!

Joe Rego é Economista e Membro do PSDB Petrópolis


http://www.joerego.com

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